O segredo para parar de roer as unhas e nomes de esmalte
"Qual cor hoje?" "Ah, me vê um guerreira do arco-íris"
Sempre fui o tipo de pessoa que rói unha. Esse hábito — tão comum, mas tão nojento para quem não pratica — me acompanhou por todas as etapas da minha vida. Inclusive, se você não rói unha, pode pular para a segunda parte do texto. Meu papo aqui é com os viciados.
Sei que não tem nada mais gostoso do que uma unha que acidentalmente quebrou, você não tem lixa aqui e, putz!, infelizmente terá que ser no dente. Sei que não há massa italiana que substitua um cantinho suculento de pele. Assim como eu também sei o que puxar uma pelinha no ângulo errado pode causar de dor por pelo menos 1 semana.
São felicidades e torturas ao mesmo tempo. E eu estava cansada disso. Muitas vezes decidi parar, colocava pimenta, alho, até comecei a passar batom — dizem que tudo isso faz você parar de levar a mão à boca. Nunca adiantou muito e eu voltava à estaca zero.
Até que me apresentaram à esmaltação em gel. Pode ser que faça mal para a unha, e, se faz, não quero saber. Mas foi a única coisa que me fez parar de querer estragar meus dedos.
Para quem não sabe, a esmaltação em gel é uma das formas de pintar a unha diferente da tradicional. Não é simples, mas também não coloca massa corrida na sua mão. Tem um monte de camada, tempo em cabine ultravioleta e custa um pouco mais caro. A unha ainda é a sua natural, mas fica muito mais dura, difícil de morder. Ela também fica intacta por em média 20 dias, então você sempre está com a unha feita.
Faz 6 meses que não pratico o ato de roer unha (gostaram? Escrevi assim porque não sei escrever roo rôo roô róio?).
Agora mordo a boca.
Um passo de cada vez.
Dado esse panorama, essa semana fui fazer minha esmaltação em gel e, chegando lá, tinha um tempo sobrando antes de ser atendida pela Polly (oi Polly!). Eis que começo a ver os esmaltes.
Para quem não tem contato com o universo de esmaltes, saiba que cada cor de cada marca tem um nome. Alguns que variam do mais óbvio como “branco” até “de salto no asfalto”. Genuinamente, adoraria participar da reunião de brainstorming para os nomes dos esmaltes da próxima coleção da Risqué.
Trago aqui minhas considerações sobre alguns (ignorem minha unha horrível nesse momento, como eu disse, estava indo fazer):
Começamos com a coleção “cringe”. Óbvio que os millennials e baby boomers iam conseguir transformar a palavra cringe em cringe. E como você descobre se uma gíria deixou de ser legal? Quando os millennials se apropriam dela tentando parecer “cool”.
“I like coffee” para um rosa que tem absolutamente nada a ver com café e “emoji” para o tom que não possui um único emoji sequer. Próximo.
A coleção “Devendo e Luxando” foi a pior ideia que surgiu em uma sala de reuniões no Brasil. Essa coleção é o puro suco da fubanguice.
“É sobre isso” e “Manda PIX”? Certeza que essa reunião aconteceu às 17:45 de uma sexta-feira e só aprovaram tudo para poder ir embora logo.
Durante a pandemia, veio o hype de produtos sobre quarentena. O que será que assustou mais o corona vírus? “40tena good vibes da coleção Xô Pandemia!!!” ou “Nunca fui normal da coleção Me Chama no Zoom”?
As lágrimas são um clássico: tons clarinhos com nome de lágrimas de alguma coisa. O “lágrimas de unicórnio” e o “lágrimas de vênus” mostram que profissionais de várias marcas esqueceram que lágrimas são transparentes.
Não podemos esquecer das coleções de séries e filmes. “Uma abelha me contou…” de Bridgerton já se tornou um clássico. Esse da Netflix, por outro lado, “Novelesco, Escandaloso” me entristeceu. Não dei risadinha, só fiquei triste mesmo, de tão ruim.
Nunca na vida deixem a Risqué esquecer que já fizeram esses nomes horrendos. Era uma coleção em homenagem aos homens, olha que lindo!!!!!!!!!!!!! “Léo mandou flores” e “Chamei o Zeca para sair”.
Será que o Zeca Pagodinho ficou feliz com essa homenagem?
“Energia surreal” da coleção da Ju Paes só prova que ela é uma das atrizes globais (junto ao Bruno Gagliasso e a Giovanna Ewbank) que adora um surubão. Todo mundo sabe que “Oi! Eu e minha namorada estávamos vendo você ali do canto e achamos que você tem uma energia surreal, o que acha de nos conhecermos melhor?” é a senha clássica para chamar alguém para um a três.
Não dá para deixar de lado os nomes que tentam trazer um empoderamento para a mulher que vai usá-lo. “Tô na seca mas passo bem” e “Phyna e sem frescura” vêm para provar, mais uma vez, que tem frases específicas red flag para fubanga.
Esse modelo me diverte: um substantivo que remete à cor + um adjetivo que nunca ninguém no mundo achou que seria racional colocar lado a lado. “Lavanda pacífica” e “Beterraba transparentes” são engraçados e justos. Gosto deles.
Para não ficar falando apenas mal, também deixo essa parabenização para a Risqué. “Comigo ninguém cobre” me causa a risada do Muttley.
“Putzgrilla” e “Eita como cria!” são TRISTES de tão ruins. Ruins com força.
Aqui a galera já se perdeu no personagem, chega a levar o naming das coleções a níveis coringados. “Selfie na floresta”, apesar de tudo, é uma cor linda.
Por fim, me estressei com esse. Não foi felicidade ou tristeza como outros ali em cima. Foi raiva.
O nome “ver de verdade” surge como uma afronta. Poucas cores são mais controversas que essa. Para mim, sequer é verde, mas entendo a discussão. Colocar “VER DE VERDADE” para uma cor assim é algo que alguém maligno faria. Alguém como Billy Doidão:
Escrevendo isso, tive uma ideia. Com uma rápida pesquisa no Google, percebi que não existe um gerador de nome de esmalte automático. Fica a ideia para as marcas e web desenvolvedores. Se der certo, por favor, coloquem o meu nome em um esmalte laranjinha.
E você? Qual nome daria para essa cor de esmalte?
O meu seria “sem luz no fim do túnel”.
Para essa cor eu daria o nome de um dos meus filmes favoritos "pálpebras fechadas". Já me convenci de testar a esmaltação em gel antes de viajar.